sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sobriedade

Salve ao estado de espirito
unitariamente sombrio
que tenho encravado em meu peito
sucitado pelas imagem
indecorosas e doloridas

doloridas e erradas para mim
triste ser que nunca enxergará
o quanto é limitado o meu querer

dignos de compreensão
são as vontades dos outros
nobres seres
que não pensam como eu
triste ser que não pensa como ela

qual o real sentido dessa vertigem?
Se alguém explicar
engarrafe e venda

egoismo é não viver
viver é esquecer as tristezas
é se alienar dentro do ser
e filosofar dentro de seu próprio quarto
talvez seja a suprema redenção

ou não
ou isso seja egoísmo
de quem? Para quem?

Compre essa dose de ciência
que não vem sob uma solução aquosa de alcool
nem na nicotina, cafeína, THC ou cocaína
quando descobrir
venda-a

R.F.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Manchas Pretas

Tu abres um livro e o quê vês?
São apenas páginas brancas com manchas pretas
Manchas em formas que se repetem
Às vezes
Ora ora
O quê é um livro senão um livro?
O quê são palavras, textos, poesia?

Elas não dependem somente de quem às escreve
Mas muito de quem às lê
É certo que escrevem por desabafo
Como uma fuga da realidade e até
De si mesmos
Escrevem mais pra si que pra qualquer outro
Mas aquele pensamento de repente aponta ao canto
Serão bonitas as palavras?
Estarão sincronizadas mesmo as não rimadas?
Ora! Que se dane tudo mesmo!
Ninguém irá ler essa merda de qualquer jeito!
Mas se algum dia alguém ler
Que não enxergue apenas
As páginas brancas
Com manchas pretas espalhadas
E de alguma forma sincronizadas

Não precisam chorar de emoção
Guardar no canto do coração
Mas ao menos aquele leve
E pequeno sorriso no canto da boca
Os olhos que se abrem um pouco mais
Como que para ler melhor e pensar
-É... Não é tão ruim assim...
Pra um conjunto de manchas pretas
Numa folha branca de papel.

G.G.